3 de setembro de 2013

Desafio Literário 2013: Setembro - Autores Portugueses Contemporâneos || Os Livros que Devoraram Meu Pai

Uma biblioteca é um labirinto. Não é a primeira vez que me perco em uma. Eu e meu pai temos isto em comum. Penso que foi o que lhe aconteceu. Ficou perdido no meio das letras, dos títulos, perdido no meio de todas as histórias que lhe habitavam a cabeça. Porque nós somos feitos de histórias, não é de DNA e códigos genéticos, nem de carne e músculos ou pele e cérebro. E sim de histórias. Meu pai, tenho certeza, perdeu-se nesse mundo, e agora ninguém consegue interromper sua leitura.
Descobri esse livro na lista de leitura de algum dos meus amigos no Skoob e imediatamente fui tragada pela estranheza do título. Os Livros que Devoraram meu Pai, de pronto, parecia algo que eu precisava ler. Coloquei-o em minha lista, mas sem muita certeza se eu o encontraria aqui no Brasil, visto que o autor era português.

Aí, quase um ano depois, quando já tinha praticamente me esquecido do bendito, dei de cara com ele, por puro acaso, numa prateleira de supermercado.

Era um sinal, obviamente, e quem era eu para negá-lo? Enfiei o livro entre o pão e as alfaces e de lá ele seguiu orgulhosamente para minha estante.

Muito bem... Os Livros que Devoraram meu Pai narra as aventuras de um garoto de doze anos, Elias Bonfim, atrás de seu pai, Vivaldo Bonfim, quando descobre que este não morreu do coração antes mesmo do garoto nascer – como lhe foi dito -, mas desapareceu dentro dos livros mantidos trancados na biblioteca da casa da avó.

Em seu aniversário, lhe é revelada a verdade e a chave da biblioteca lhe é dada. E logo Elias estará mergulhando no mesmo mundo que sugou seu pai, tentando encontrar uma pista, algo que revele o que de fato ocorreu – e assim percorre as trilhas de personagens de H. G. Wells, Dostoievsky e Stevenson, ele mesmo pouco a pouco se perdendo nesses mundos.

Embora, a princípio, o livro possa parecer uma fantasia juvenil (e ele chegou a ganhar prêmios nessa categoria) sobre perder-se – de forma literal – dentro de livros, o final da história traz uma virada angustiante que é quase um tapa te trazendo de volta para a realidade; uma lembrança de que todos os nossos atos trazem conseqüências e temos de lidar com eles.

É um livro gostoso de ler em sua ingenuidade à abertura, que vai te envolvendo pouco a pouco com sua prosa leve e ilustrações mais que simpáticas. O final melancólico, quase agridoce, cabe na narrativa mesmo que saia da fantasia inicial.

Nota: 4
(de 1 a 5, sendo: 1 – Péssimo; 2 – Ruim; 3 – Regular; 4 – Bom; 5 – Excelente)

Ficha Bibliográfica

Título: Os Livros que Devoraram meu Pai
Autor: Afonso Cruz
Editora: Leya
Ano: 2011
Número de páginas: 112


A Coruja


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2 comentários:

  1. Que interessante! Nao so a resenha, mas como o livro veio parar nas suas mãos!
    Fiquei curiosa e tbe coloquei na minha lista.
    Te convido para participar da blogagem coletiva do meu blog. Nela você conta o que está lendo ou leu neste mês. Se você puder participar, eu vou adorar!!
    Bjks mil

    www.blogdaclauo.com

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  2. Nunca tinha ouvido falar do livro ou do autor, mas parece bem interessante. Adoro livros que falam sobre livros. :)

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