26 de julho de 2012

Para ler: Tales before Tolkien

"They wouldn't let their folks see bodies; screwed them up in coffins as they found them in shop. The gas had done it."

"Turned their faces black, you mean?"

"Nay. They were all as if they had been bitten to pieces."

This was a strange gas.


Arthur Machen – The Coming of the Terror
E, finalmente, após uma longa pausa, voltamos ao velho projeto dos Mestres da Fantasia antes de Tolkien! Ultimamente andei variando um pouco mais o cardápio de leituras (ou não..., depende do ponto de vista), de forma que deixei um pouco o gênero de lado... até decidir tirar da estante esse Tales before Tolkien, uma coletânea de contos fantásticos escritos antes da publicação de O Hobbit.

Tinha comprado esse livro ano passado, como parte do meu presente de aniversário de mim para mim mesma, tencionando lê-lo como parte das pesquisas para o especial sobre Tolkien. Só que, quando ele veio chegar aqui em casa, eu já tinha terminado de publicar o especial, de forma que ele terminou entrando na lista de espera indefinidamente...

...ou até agora.

Alguns dos autores apresentados na coletânea já me eram conhecidos e já passaram aqui pelo Coruja, como Lord Dunsany - que aqui nos é apresentado com o deliciosamente irônico Chu-bu and Sheemish e George MacDonald, cujo The Golden Key fez Tolkien começar uma introdução e terminar com uma história totalmente diversa, Smith of Wootton Major.

Outros tantos eu nem sonhava que existiam, ou conhecia mas não os tinha associado a essa minha lista. Sabe deus porque nunca pensei em ver a data em que Frank Baum escreveu o seu O Mágico do Oz e como assim o Haggard de As Minas do Rei Salomão escreveu fantasia?

Um leitor de Tolkien reconhecerá muitos personagens e situações ao longo das histórias que desfilam pelas páginas dessa antologia – reconhecimento que se completa com as pequenas introduções do editor, que observa quais desses autores sabidamente eram conhecidos do ourives do Anel. Há dragões, elfos, duendes, deuses e demônios, heróis e magos.

Meus favoritos foram o já citado Chu-bu and Sheemish, em que dois deuses menores disputam seguidores tentando praticar milagres (que reiterou minha impressão de que Dunsany é melhor apreciado em pequenas doses); The Elf Trap, de Francis Steven, no qual um professor de biologia cético acaba por se apaixonar por uma princesa elfa que ecoa na tradição germânica desses seres; The Griffin and the Minor Canon, de Frank Stockton e The Dragon-tamers, de E. Nesbit – ambas histórias em que o fantástico colide com o mundano, o trivial e cotidiano e que por baixo do humor fácil apresentam uma bela moral.

Não posso esquecer de citar também Richard Garnett e Arthur Machen (que influenciou grandemente ninguém menos que Lovecraft), cujos contos foram os que mais me deram pausa para reflexão – o primeiro com o seu The Demon Pope, onde um santo faz um acordo com o diabo e acaba por se tornar Papa e o segundo em The Coming of the Terror, que te mantém em suspense e paranóia no meio do caos de uma guerra silenciosa.

É uma bela coleção de histórias, com estilos e vozes muito diferentes entre si – mas que se harmonizam na proposta do livro. Uma leitura bem interessante para quem quer que se interesse pela literatura fantástica – especialmente por nos apresentar o mundo de antes da Fantasia, tal como entendemos hoje, nascer.


A Coruja


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