3 de maio de 2012

Projeto Pratchett: Thief of Time



"Some humans would do anything to see if it was possible to do it. If you put a large switch in some cave somewhere, with a sign on it saying 'End-of-the-World Switch. PLEASE DO NOT TOUCH', the paint wouldn't even have time to dry."

Terry Pratchett – Thief of Time
Esse é o ultimo mês em que teremos duas resenhas do Projeto Pratchett – andei meio que correndo contra o tempo para conseguir organizar o calendário de forma que a resenha de Night Watch caísse em maio, mas agora que isso já está garantido, pretendo seguir num passo mais devagar, para poder estender o projeto até ano que vem.


Feita esta rápida observação, vamos agora ao que interessa... por algum motivo que não consigo explicar, eu não me toquei da sinopse dessa história e comecei a ler jurando que era um dos volumes que tinham a ver com a Guarda – afinal, o título tem ‘ladrão’ no meio, parecia-me bastante lógico.

Só que eu estava enganada. Não tem a Guarda em Thief of Time. Em vez disso, descobrimos todo o poder dos Monges Históricos, que já tinham aparecido em Small Gods, e reencontramos Morte, sua neta, Susan Sto. Helit e os Auditores da Realidade.

Quem tiver lido O Senhor da Foice e Hogfather reconhecerá o tamanho do problema em que estamos na história ao ouvir o nome dos Auditores. Entidades sem forma definida, eles são equivalentes às criaturas do Calabouço das Dimensões em seu ódio pela vida mortal ordinária – mas enquanto aquelas representam o Caos, eles representam a Ordem no sentido mais burocrático possível.

Eles detestam particularmente a humanidade, uma vez que não podem prevê-la, nem fazer sentido de sua existência, de suas escolhas. Na opinião deles (se é que se pode chamar opinião, considerando que eles não possuem nenhuma personalidade ou individualidade) humanos e sua criatividade, suas mudanças, sua evolução, são um risco à Realidade.

Já de longo tempo que Morte tem sido o principal adversário dos Auditores. Tendo estado sempre em contato com os homens, Morte desenvolveu uma personalidade, tomando interesse pelas coisas que fazem a humanidade ser aquilo que é. O interessante é que nenhuma das partes desse confronto pode agir diretamente no mundo. Está fora das regras – e os Auditores, sobretudo, não conseguem deixar de cumprir regras.

Assim é que Morte manipula sua neta, Susan, para que ela faça seu trabalho sujo, enquanto os Auditores procuram criaturas curiosamente insanas – em Hogfather, o assassino Mr. Teatime e em Thief of Time, o relojoeiro Jeremy Clockson.

O plano é aprisionar o Tempo (que como Morte, também tem sua personificação antropomórfica) construindo o relógio mais perfeito e acurado da História, de forma que os Auditores possam entrar em Discworld e tomar formas humanas, investigando os aspectos da cultura humana que eles acham mais perigosos. Muitos deles acabam insanos com a experiência e começam a matar uns aos outros, ou ficar presos numa fronteira entre pesadelos de caos e realidade.

Considerando que se está mexendo com o Tempo, é claro que os monges históricos (ou deveria ser traduzido como Monges da História? Não tenho muita certeza...) vão se meter no imbróglio, no melhor estilo Mestre Myagi (eu estava com a trilha de Karatê Kid na cabeça a essa altura...), ainda por cima que a interrupção do tempo trouxe consigo o fim dos tempos e... os cinco Cavaleiros do Apocalipse.

Sim, pois é... cinco.

Enquanto Morte tenta convencer seus companheiros de armas a ficarem do lado da humanidade, Susan está às voltas com libertar o Tempo, tendo para tanto a ajuda de uma criatura muito parecida com ela mesma: o filho da personificação antropomórfica do próprio Tempo (que é uma entidade feminina).

E posso dizer que fiquei boquiaberta com o que Pratchett fez aqui? Como é que ele consegue, aparentemente sem esforço algum, plantar em nossas cabeças a idéia de romance e FAZER A COISA FUNCIONAR? É a mesma impressão que tenho com Carrot e Angua nas histórias da Guarda. Ele não adoça as coisas nem sai do caminho para estabelecer interesse, mas a coisa funciona! É tão natural que você sequer se dá conta de que virou um shipper!

E aí ele acaba naquele ‘perfeito momento’ e você fica desesperado por mais! E ainda não saiu outro livro da série Discworld com a Susan para saber o que acontece a seguir! Arghhhhh!!!!!

Isso é o que Pratchett faz comigo. Por que eu continuo me torturando? Por quê, por quê?

Acho que agora só resta esperar e torcer pelo próximo...



A Coruja


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2 comentários:

  1. ... eu quero tanto esse livro ç_ç

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    Respostas
    1. Eu recomendo!

      Por sinal, bem que a Conrad podia voltar a lançar em português, né? Já tá na hora de ter título novo na praça...

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